terça-feira, 26 de abril de 2011

Cresce a procura de brasileiros pelo MBA no exterior

O número de brasileiros em busca de um MBA no exterior está crescendo. "A ordem de grandeza mudou. Há dez anos tínhamos cerca de 400 profissionais saindo do Brasil para isso a cada ano. Hoje já são entre 600 e 700", afirma Claudia Gonçalves, psicóloga e coach de carreira que há 16 anos orienta candidatos a um MBA fora do país. Parte significativa destes profissionais está entre os 8.876 brasileiros que embarca­ram para os Estados Unidos no ano passado em busca de educação, de acordo com um levantamento do Institute of Interna­tional Education feito em parceria com o governo americano.
            
 Vale e Itaú patrocinam evento do MBA de Booth: o Brasil está com tudo 
São várias as razões por trás do fenômeno, e a primeira delas tem a ver com a pujança econômica que tanto o Brasil quanto as suas empresas vêm demonstrando. "Nós definitivamente entramos no cenário internacional. Grandes grupos brasileiros, como a Gerdau e a Ambev, por exemplo, estão comprando empresas no exterior. É natural que elas procurem profissionais que entendam o nosso mercado, mas também transitem lá fora", explica a consultora. Faz coro Derrick Bolton, reitor-assistente da Universidade de Stanford e diretor de admissão do MBA da escola: "Com a crescente proeminência do Brasil na economia global, estamos vivenciando um aumento na demanda pelo MBA por parte de profissionais brasileiros. Além disso, o leque de candidatos está mais forte, o que se traduz em mais estudantes brasileiros a cada ano, o que muito nos entusiasma".
            
Também é verdade que ficou mais fácil criar coragem para fazer esse grande (em todos os sentidos) investimento na própria carreira. O câmbio hoje é francamente favorável às despesas em moedas fortes. Por último, a falta de mão-de-obra altamente qualificada em alguns setores específicos da economia brasileira também estimula os profissionais do país a buscar no MBA fora não só um diferencial na formação, mas a riquíssima experiência pessoal proporcionada por uma experiência internacional.


E não são apenas os estudantes do Brasil que estão ganhando presença nos MBAs americanos e, em menor escala, nos europeus e asiáticos. As próprias empresas brasileiras estão estabelecendo cada vez mais parcerias com escolas no exterior. No caso de Booth, a renomada escola de negócios da University of Chicago, a Vale e o Itaú estiveram entre os principais patrocinadores de uma conferência de negócios latino-americanos realizada no ano passado - e vão repetir a dose este ano (como mostra a imagem acima). A instituição possui também uma parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV). Algumas escolas estrangeiras, como a University of California, Los Angeles (UCLA) e a University of Pittsburgh, por exemplo, foram além e decidiram abrir franquias dos seus MBAs por aqui.

Aprovados têm boa formação, currículo de respeito e se prepararam bastante

Maurício Teramoto, de 31 anos, é publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), trabalha no hoje Itaú Unibanco desde 2002 e foi cursar o seu MBA em Kellogg, a escola de negócios da University of Northwestern, em Chicago, Estados Unidos. Com patrocínio quase total do banco, ele está em Chicago desde setembro do ano passado e levou consigo a mulher e os três filhos, dois gêmeos de 17 anos e uma menina de seis. Já os namorados Adriana Lima, administradora de 28 anos formada pela FGV-SP, e Leonardo Oliveira, engenheiro de 30 formado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), trabalhavam na Johnson & Johnson. Eles vão começar neste ano um sonhado MBA em Wharton, na University of Pennsylvania, que fica na Filadélfia. Faz parte dos planos dela retomar a carreira na mesma empresa, mas em uma posição hierarquicamente mais alta. Já Leonardo sonha com um negócio próprio, empreendedorismo que também pulsa forte nas veias do economista Chim Kan, de 29 anos. Ao contrário dos outros três profissionais citados acima, Chim escolheu um MBA no Canadá. O curso de um ano de duração da Richard Ivey School of Business, da 
University of Western Ontario, tem como foco unir a tecnologia aos negócios. Formado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e com passagem por empresas como Buscapé e Google, ele já está de volta ao Brasil e conseguiu realizar o seu sonho de não ser mais empregado: está tocando com dois colegas uma empresa start-up na área de tecnologia, com direito a aporte financeiro do poderoso fundo de investimentos de risco Monashees Capital.

"Patrocinado" pelo Itaú, Maurício Teramoto está em Kellogg desde o ano passado. Ele levou a mulher e os três filhos




À primeira vista, os jovens do parágrafo acima e que ilustram esta reportagem têm mais diferenças do que semelhanças entre si. Mas eles compartilham alguns importantes pontos em comum: cursaram a graduação em escolas de primeira linha, já dominavam o inglês, trabalharam e tiveram destaque em grandes empresas e, principalmente, se prepararam muito bem para disputar uma vaga em um MBA fora do Brasil.

Adriana, por exemplo, assistiu junto com o namorado Leonardo a uma palestra de uma grande escola americana sobre o seu MBA. Encerrada a apresentação, os dois, que já vinham há tempos flertando com a idéia de uma experiência internacional, correram para a livraria para comprar os materiais de preparação. Já na fila do caixa, viram-se obrigados a puxar o freio de mão. "A gente se sentou em um canto e conversamos por duas horas. É uma decisão de vida, que implica largar o emprego, mudar de país, gastar muito dinheiro e, no nosso caso, morar juntos", conta a administradora. Só depois de feita esta reflexão eles decidiram pagar pelos livros e começar a preparação, que durou um ano e meio no total. "Ou você vai preparado direito ou não vai", sentencia ela.

O casal embarca em maio para o MBA de Wharton, um dos quatro em que foram aprovados
À disposição para o estudo deve se somar, no entanto, uma boa dose de realismo. "Muitas pessoas têm esta ilusão de que vão voltar como CEO da empresa após sair do curso. Ter MBA é sem dúvida um diferencial, mas não é algo obrigatório. Quem é analista e for fazer o curso não vai virar gerente assim tão fácil quando voltar. As pessoas que voltam e assumem de cara posições em cargos mais altos já tinham um razoável sucesso profissional e financeiro", acredita Chim Kan. 

Chama atenção também o fato de a grande maioria dos profissionais brasileiros em busca do MBA no exterior querer voltar para o país ao fim do curso. O crescimento econômico e de oportunidades no Brasil tem sido mais atraente do que a possibilidade de se expatriar. Pesquisa feita em 2009 pela consultoria GNext Talent Search com alunos do último ano de 12 dos 25 programas de MBA mais bem avaliados pelo jornal Financial Times revela que 82% dos alunos brasileiros retornariam ao país naquele ano. Em 75% dos casos, o motivo era bem simples: as melhores oportunidades estavam aqui.

Candidatos fora do perfil têm chance?

A idade passou a ser nos últimos anos uma preocupação a mais entre os profissionais que sonham com um MBA fora mas estão chegando aos 30 anos de idade ou já passaram dessa marca. Isso porque os recém-saídos da graduação e ainda no seu primeiro emprego vêm dominando as turmas de MBA - principalmente nos Estados Unidos. "Assustou muito a gente isso. A cada ano que passa a idade parece estar caindo. Em Wharton, 80% dos alunos têm até 26 anos", conta Adriana Lima, recém-aprovada no curso aos 28 juntamente com o namorado, de 30. Mas Harvard, Wharton, Stanford, Booth e Columbia, que estão entre as dez melhores nos rankings de MBAs em período integral das revistas Forbes e Business Week e do jornal Financial Times, fazem questão de afirmar que a idade - seja ela "avançada" ou precoce - não é de forma alguma critério eliminatório na admissão, sendo apenas um entre os vários dados que compõem o perfil de um candidato. Mas, para Ricardo Betti, da MBA Empresarial, a coisa não é bem assim. "Quando um profissional com 35 anos ou mais me procura, eu já digo na lata que ele não vai ser aprovado, e que existem alternativas, como outros cursos de MBA específicos para esta faixa etária e de carreira. As escolas não falam, mas existe sim um limite, que é de 32 ou 33 anos", avisa. Médico de formação, Ricardo cursou o MBA do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e já ajudou mais de 1.200 profissionais brasileiros a realizarem o sonho de um bom MBA no exterior.

Segundo Ricardo, a média de idade dos alunos de MBA hoje em dia está em torno de 28 anos. A diminuição deste número em comparação ao cenário de dez ou quinze anos atrás pode ser explicada pela prevalência de jovens vindos do mercado financeiro e das grandes consultorias. "Nesse tipo de corporação, as carreiras já são estruturadas para serem rápidas. Então, aos 24 ou 25 anos, quando estão mais ou menos no segundo ano de casa, os profissionais já começam a ir atrás do MBA", explica a consultora Claudia Gonçalves.

De qualquer forma, mesmo para os candidatos mais jovens a competição por uma vaga nas escolas estrangeiras de ponta é muito grande, e tende a não favorecer profissionais que cursaram a graduação em escolas mais fracas ou cuja experiência profissional tenha sido em empresas de médio porte ou familiares. Mas nem tudo está perdido. "Tudo depende do mix de características da pessoa. É preciso mostrar os seus pontos fortes. No fundo, o que as escolas buscam são pessoas que conseguem demonstrar ter feito o melhor dentro das oportunidades que a vida trouxe. É um princípio da meritocracia", afirma Claudia. Concorda o consultor Ricardo Betti: "Às vezes o candidato se forma em uma ótima escola e trabalha em grandes empresas, mas não tira o melhor dessas experiências. Quando a carreira fica na horizontal, quando não há conquistas relevantes na história do candidato, fica difícil conseguir a aprovação", afirma.

Notas excepcionalmente altas no Graduate Management Admission Test (GMAT), o exame obrigatório, carreiras feitas em setores diferentes dos da maioria dos profissionais, experiências em voluntariado e ação relevante na comunidade podem compensar a falta de uma formação de primeira linha ou de experiência em empresas conhecidas dos recrutadores. Já o profissional com perfil diferente do da maioria e sem maiores diferenciais deve refletir se vale a pena mesmo encarar a batalha por um MBA nas melhores universidades americanas e européias. "Se este candidato acabar entrando em uma escola do segundo escalão lá fora, corre o risco de voltar para o Brasil depois e não ser reconhecido como gostaria, e isso depois de ter largado o emprego e ter se endividado", alerta Yann Duzert, coordenador do pré-doutorado e do MBA Global da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ). É melhor, portanto, fazer um MBA de primeira linha no Brasil do que um não tão bom no exterior. "Existem hoje no Brasil soluções híbridas bastante interessantes, que conseguem conjugar a estabilidade profissional no próprio país com um gosto de experiência internacional, seja por meio do networking feito com os estrangeiros que estudam aqui, seja por meio de períodos mais curtos no exterior", completa ele.

Por último, é preciso reforçar que, dentre todos os pontos do currículo, das habilidades e da trajetória profissional de um candidato, o único quesito inegociável é a fluência no inglês. As escolas costumam exigir de 90 a 95% de aproveitamento no Test of English as a Foreign Language (TOEFL), e não raro se preocupam ainda mais com ele do que com o GMAT. Afinal de contas, como assistir às aulas, discutir estudos de caso em grupo e fazer papers em inglês sem ter um conhecimento bastante avançado da língua?

O GMAT e as redações 

Chim Kan, que já voltou ao Brasil, fez curso preparatório à distância para o GMAT
No caminho entre o profissional brasileiro em busca do MBA no exterior e a aprovação está uma pedreira chamada GMAT. A famosa prova mede tanto as aptidões lógicas dos alunos quanto as suas habilidades verbais (em inglês, naturalmente). As universidades não trabalham com uma nota de corte oficial, mas é altamente improvável que um candidato seja aceito em uma escola de ponta se não conseguir ficar na média tradicionalmente atingida pelos seus alunos. A turma de 2012 do MBA de Harvard, por exemplo, teve pontuação média de 730 (em uma escala que vai de 200 a 800), sendo a nota mais baixa 550 e a mais alta 790. Não é possível encarar a prova sem ter inglês no mínimo avançado.


É possível fazer cursos preparatórios para o GMAT, tanto em versão presencial quanto à distância - ou mesmo estudar por conta própria, caso o aluno assim prefira. O tempo de preparação costuma levar entre nove meses e um ano e meio. A dificuldade, segundos os entrevistados que fizeram o teste, está menos na prova em si do que na relativa novidade que ela representa. Com questões diferentes das encaradas pelos brasileiros ao longo das suas vidas escolares, ela só encontra paralelo em vestibulares mais analíticos e em seleções de bancos de investimento e consultorias. O conhecimento de fórmulas matemáticas e de leis da geometria, por exemplo, é necessário, mas menos importante do que o raciocínio lógico. Exemplos de questões do GMAT podem ser encontrados pela internet afora, em sites como o http://www.testprepreview.com/gmat_practice.htm e o http://www.gmath.com.br/method.html.  

O exame pode ser feito quantas vezes o candidato julgar necessárias até que se sinta satisfeito com a sua nota. Para citar como exemplos os personagens desta reportagem, Chim Kan fez a prova duas vezes e, Adriana Lima, cinco. O publicitário Maurício Teramoto é exceção: "passou" de primeira após apenas dois meses de estudo intensivo. "A preparação para o GMAT é um exercício de repetição: fazer simulados e entender os macetes, a estratégia e o gerenciamento do tempo. Não há nada fora do comum em termos de conteúdo. Se você souber inglês e a matemática da oitava série, você faz", garante ele.

Para Marcelo Ambrozio Ramos, sócio da MBA House, escola preparatória e consultoria sobre MBAs, fazer um bom GMAT é essencial para quem deseja entrar em uma escola de ponta, mas não é tudo. "O GMAT não coloca [o candidato na universidade], mas tira", sentencia. Ele recomenda, inclusive, que o profissional comece a se or­ganizar para estudar no exte­rior ainda durante a graduação, e não pense apenas no GMAT. "Dominar um terceiro idioma e ter projetos desenvolvidos no terceiro setor e viagens culturais na bagagem são quesitos avaliados pelas escolas", explica ele.

Sede de São Paulo da MBA House, que prepara para o GMAT, presta consultoria aos candidatos e ajuda na papelada



Os candidatos também costumam ter bastante dificuldade com os essays, espécies de redações onde os alunos devem explicar, entre outras coisas, quem são, o que fizeram e fazem de marcante em suas carreiras, porque querem estudar naquela escola, como podem contribuir com as atividades dela e o que vislumbram para o futuro. Estas reflexões costumam ser novidade para os profissionais brasileiros, que, ao contrário dos seus congêneres americanos, não precisaram pensar a fundo (muito menos escrever) sobre as suas vidas, sua história e seus planos já na época do vestibular. Uma das funções dos consultores de carreira que lidam com candidatos a MBAs fora é justamente ajudar a identificar eventuais inconsistências nos planos dos profissionais - como, por exemplo, pretender para os 40 anos de idade ter filhos e abrir o próprio negócio, tudo ao mesmo tempo. "O segredo é você ser consistente. E, se você não pensa no seu passado, no seu presente e no seu futuro, você não fica consistente", diz Adriana Lima, que embarca para o MBA da prestigiada Wharton no começo de maio.
 
As escolas também buscam conhecer os aspectos dos candidatos que nada têm a ver com trabalho e estudo. "Elas fazem perguntas sobre trabalho voluntário, esportes, hobbies, interesses. Muitos candidatos brasileiros levam um susto nessa hora, pois percebem que, quando não estão trabalhando, estão no trânsito", alerta a consultora Claudia Gonçalves.


Financiamento é mais fácil nos Estados Unidos

Os custos envolvidos na decisão de cursar um MBA fora do Brasil são significativos, e começam ainda na fase de estudo. Para fazer o TOEFL paga-se entre 150 e 225 dólares. A inscrição para cada tentativa no exame GMAT, por sua vez, custa 250 dólares. O curso preparatório à distância para GMAT feito pelo economista Chim Kan, por exemplo, saiu por quatro mil dólares. As inscrições para disputar uma vaga nas universidades custam entre 100 e 200 dólares, mas os alunos sempre se candidatam em mais de uma escola. Muitos profissionais, aliás, gostam de fazer uma visita às universidades antes de decidir em quais delas vão se inscrever. "Todas as escolas que estão entre as vinte melhores do mundo oferecem uma ótima educação. O que acaba fazendo uma pessoa optar por uma ou por outra é a identificação com a cultura, o dia-a-dia da universidade", diz Maurício Teramoto, aluno em Kellogg, explicando porque considera importante a visita. Por último, existem ainda as despesas com materiais didáticos para a preparação e o envio de documentos para o exterior via sedex, na fase de inscrição.

Uma vez aprovado, o aluno terá pela frente os custos do MBA em si (sempre acima dos cem mil dólares, quando o curso é de dois anos) e de moradia, transporte, alimentação e material didático. As despesas com aluguel podem ir de 800 dólares (no caso de um pequeno studio, por exemplo) a 2.500 ou três mil dólares (para um apartamento de três quartos, próprio para os estudantes que levam a família). "O investimento que fiz na época foi equivalente a um apartamento na Vila Mariana", contabiliza Chim Kan. "O MBA no exterior não é algo que você consegue fazer por impulso. No meu caso, a idéia existia desde a época da faculdade. Então, comecei a juntar dinheiro assim que deu", diz ele, que contou também com a ajuda da família. Como a universidade canadense em que cursou o seu MBA exigia um fiador local para conceder empréstimos a alunos estrangeiros, fazer um financiamento não era uma opção. Nas escolas européias, cláusulas legais dificultam enormemente a obtenção de crédito por parte de estudantes não-residentes na União Européia. Empecilhos assim, porém, não costumam acontecer nas universidades americanas, que possuem parcerias com grandes bancos e se empenham bastante em ajudar os alunos a conseguir financiamento total, que pode ser quitado em até 20 anos. O site do MBA da University of Columbia, por exemplo, tem uma sessão só sobre empréstimos, onde está escrita a seguinte frase: "A última coisa que desejamos é que você se distraia dos seus estudos ou do prazer com o programa por causa de preocupações financeiras".

Bolsas de estudo

O financiamento torna o MBA acessível aos não-ricos
Profissionais em busca de um MBA no exterior   podem também pleitear financiamento no Brasil.
 

Fundação Estudar
Financia cursos de MBA baseando-se nos rankings das melhores faculdades e universidades estrangeiras realizados pela US News e pelo Global MBA Ranking (do jornal Financial Times). As inscrições começam em janeiro de cada ano e ficam abertas até de março. O processo seletivo é composto por oito etapas, e os valores da bolsa variam entre cinco e 95% do valor solicitado pelo candidato. A taxa (opcional) de inscrição para participar do processo seletivo é de R$ 100. A devolução do valor recebido não segue qualquer contrato, e é regida apenas pela obrigação moral dos candidatos em retribuir à fundação quando e da maneira que puderem - seja sob a forma de dinheiro, seja sob a forma de trabalho.
Site: http://www.estudar.org.br


Instituto Ling
O projeto START concede bolsas de estudos parciais para cursos de MBA em tempo integral nos Estados Unidos e na Europa. O pedido de financiamento só pode ser feito por candidatos já aprovados nas escolas, e que comprovem não ter como bancar os custos do curso. Depois de enviada toda a documentação, o instituto faz uma primeira seleção, realiza uma entrevista por telefone com o candidato e, por último, o convoca para uma dinâmica de grupo.
Telefone: (51) 3287-6304 / 6306


Diferença entre os cursos na Europa e nos Estados Unidos

Consultores especializados em MBA no exterior afirmam haver pelo menos 15 ou 20 escolas nos Estados Unidos que podem ser classificadas como de ponta. Na Europa, por sua vez, elas são cinco ou seis (como a London Business School, o francês Insead, o espanhol IESE Business School e o suíço IMD). Mas a presença de profissionais brasileiros nos centros de estudo em negócios do velho continente está crescendo. "Há 21 anos, quando eu comecei a trabalhar com MBA no exterior, 95% dos alunos iam para escolas americanas, e apenas 5% para instituições européias. Hoje, está proporção está em 75% e 25%", afirma o consultor Ricardo Betti. 

A maior massa crítica em termos de conhecimento no ramo dos negócios está, naturalmente, nos Estados Unidos, país onde foi inventado o curso de MBA. Mas a internacionalização é maior nas escolas européias. Lá, a esmagadora maioria dos alunos é estrangeira. Não são raras as turmas em que, dentre os mais de 60 alunos, apenas duas pessoas sejam do país que sedia o curso.

Rotina é puxada, mas traz também atividades fora do estudo

Curso extensivo e intensivo ao mesmo tempo, o MBA impõe aos seus alunos uma rotina de estudo bastante puxada. Durante o seu ano na Richard Ivey School of Business, Chim Kan resolveu quase 500 estudos de caso, que podiam ter tanto cinco quanto 30 páginas de dados cada um. Como os chamados cases formavam a espinha dorsal da metodologia de ensino da escola, os alunos resolviam três ou quatro deles por dia.
            
Já em Kellogg, por exemplo, os alunos têm aulas quatro vezes por semana, sendo que existe também a opção de concentrá-las em apenas dois dias. Para cada três horas de aula, o aluno deve reservar entre quatro e seis horas de estudo por semana. Mas sempre há espaço para as atividades extra-curriculares, como os chamados clubs, grupos de interesse em assuntos tão variados  quanto a cultura latino-americana  e o vôlei, passando pelo mercado de produtos de luxo, por exemplo. Maurício Teramoto, aluno de Kellogg, joga futebol pela escola e já participou inclusive de campeonatos do esporte entre as universidades. A escola se preocupa também com a integração dos eventuais cônjuges dos seus alunos. Eles podem fazer cursos gratuitos de inglês para estrangeiros e até assistir gratuitamente às aulas do curso de MBA nas salas que não estiverem lotadas.
           
"Para mim e para a minha família esta é uma experiência única. Ampliamos muito os nossos horizontes aqui, temos a oportunidade de conhecer diversas culturas, construir amizades com pessoas do mundo inteiro e amadurecer muito", diz Maurício. O publicitário está bastante satisfeito com a decisão de suspender temporariamente o trabalho e carregar a família toda para os Estados Unidos. "Fazer o MBA em faculdades mundialmente reconhecidas expõe o aluno a uma troca riquíssima com professores renomados, ganhadores de prêmio Nobel inclusive. E, mais do que isso, coloca você em contato com pessoas altamente competentes e muito bem-sucedidas do mundo inteiro, com backgrounds distintos. Isto enriquece muito a experiência acadêmica e pode render inúmeros frutos no futuro. Além disso, o fato de o curso ser integral proporciona uma troca muito mais intensa e uma experiência extra-curricular tão rica quanto a acadêmica em si. Eu, por exemplo, já participei de projetos de consultoria para ONGs daqui", conta. Os filhos mais velhos dele estão tão adaptados que não pensam em voltar para o Brasil tão cedo. A idéia dos garotos é cursar a universidade nos Estados Unidos.

Colaborou Raquel Bocato

Fotos: Chicago Booth, Acervo pessoal, Carlos Cecconello / Folhapress, Acervo pessoal, MBA House e Tooga (Getty Images)