Você certamente já ouviu zilhões de promessas ligadas às polivalentes células-tronco. Mas essa é novidade: o silicone natural. O melhor de tudo é que a invenção não vai se limitar a satisfazer a vaidade feminina. A chamada medicina regenerativa vai poder se aproveitar - e muito - da técnica.
A Cytori Therapeutics, empresa de biotecnologia localizada em San Diego, na Califórnia, conseguiu desenvolver um método substituto dos implantes de silicone a partir do cultivo de células-tronco extraídas do tecido adiposo das pacientes. A gordura é lipoaspirada, passa por um processo de centrifugação e é depois injetada aos poucos no corpo, várias e várias vezes, até que os novos seios fiquem prontos. O método já foi empregado com sucesso em testes na Europa e no Japão e aguarda a aprovação final das autoridades americanas. Esse "pontilhismo cirúrgico" poderá servir tanto às pacientes que sofreram mastectomia durante o tratamento contra o câncer de mama quanto àquelas que querem apenas turbinar o visual.
É claro que esta não é a primeira incursão da medicina nas tão promissoras terapias com células-tronco. Pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca, por exemplo, têm a sua capacidade aeróbica aumentada e o estrago causado pelo infarto reduzido quando submetidos a este tipo de terapia (as células-tronco "refazem" pedaços do tecido cardíaco necrosados no infarto). A própria Cytori Therapeutics começou as suas atividades nesta área, e só depois enxergou a aplicação da tecnologia desenvolvida na reconstrução ou aumento dos seios femininos. O diferencial desta empresa não é, obviamente, a aposta nas células-tronco em si, mas o processo de centrifugação e a idéia disruptiva de usar a combinação formada por células-tronco e alguma gordura como substituta dos implantes.
Batizada de Celution System e fruto de um investimento em pesquisa e desenvolvimento de 200 milhões de dólares, a super-centrífuga recebe a gordura lipoaspirada da paciente e promove uma espécie de "lavagem" do material, com enzimas cuja função é destruir o invólucro que mantém as células adiposas coladas umas às outras. Em seguida, a centrífuga separa estas células adiposas das germinativas (o outro nome das famosas células-tronco). O tecido gorduroso é bastante rico nelas. Para se ter uma idéia, as células-tronco aparecem na proporção de uma para cada 100 células adiposas, contra uma para cada 250 mil ou mesmo 400 mil células da medula óssea, por exemplo. E, pra completar, se existe um tecido humano que é abundante e não faz qualquer falta, este tecido é sem sombra de dúvida o adiposo.
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| A próxima Pamela poderá dizer: "São naturais!" |
Junte-se, portanto, esta alta concentração de células germinativas com o fato de que a gordura pode ser retirada do corpo humano em quantidades relativamente grandes e temos uma forma de coletar células-tronco sem a necessidade de cultivá-las em laboratório e esperar pacientemente pelo crescimento da cultura. Quando as células-tronco são enfim separadas das adiposas, a máquina as concentra em uma espécie de pastilha, que é então retirada da centrífuga. Esta pastilha é misturada a algumas das células de gordura que sobraram na máquina. É esta suspensão líquida que é injetada na paciente.
Mas como este material consegue se transformar em seios novinhos em folha? Cada célula-tronco tem o poder de se diferenciar em todos os 200 tipos de células diferentes que nós carregamos no corpo. Elas se transformam em A, B ou C de acordo com o tipo de moléculas sinalizadoras que recebem dos cientistas no processo de transformação. Conduzida normalmente em uma placa de Petri, no método da Cytori Therapeutics a operação é feita na própria centrífuga: as moléculas ativadoras entram na máquina junto com as já citadas enzimas que separam as células de gordura umas das outras. Chris Calhoun, CEO da empresa, não revela de jeito nenhum as quantidades dos insumos, as substâncias exatas usadas nem se há algum outro aditivo "mágico" na parada. Afinal, estes são os segredos comerciais mais importantes em jogo para o seu negócio.
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